terça-feira, 14 de julho de 2009

PAÍS EMERGENTE, EDUCAÇÃO SUBMERSA... (Marcos Bagno) - COMENTÁRIO

Ah! Educação, quantos questionamentos...

O que esperar de uma classe que corre risco, vive sobre tensão, com baixos salários? É justo um brasileiro que ganha mais de R$ 10.000,00 mensais não ter conhecimento do que é a Lei Maria da Penha? O que esperar de um trabalhador que ganha pouco? Somente o amor constrói?
Na Coréia do Sul, tira-se a nata da universidade para o ensino público. Os salários são de alto nível, com aumentos significativos para especializações e o mais importante, há respeito perante os professores. O básico foi feito?
Será que vale mesmo a pena "alfabetizar" esse país? O que as pessoas preferem? Ganhar muito e não saber o que significa a sigla de CPI ou ganhar pouco, mas saber interpretar textos, decifrar problemas lógicos, conhecer coisas sobre a terra, o fogo, a água, o ar, o funcionamento dos organismos vivos, a relação entre seres bióticos e abióticos?
Definitivamente não é esse tipo de pessoas que a classe dirigente do nosso país quer ver. Quanto menos se sabe, mais fácil dominar. Há um ditado árabe que diz: "A ignorância é vizinha da maldade".
Nesse mar de corrupção (redundante, mas realidade), para um jovem, o que impõe poder? Armas ou certificados? Ter uma vida curta, porém "equilibrada" financeiramente ou uma vida longa com poucas possibilidades de desenvolvimento? Melhor ser analfabeto funcional?
O que é muito triste é comprovar, como disse Bagno, que "a maioria do professorado também se inclui em um apavorante índice de analfabetismo funcional". Como é que nossa classe vai ter respeito se parte dela (sendo positiva), não se recicla, não lê, preocupa-se mais com a aposentadoria do que com os alunos? Sabemos de todas as mazelas que giram e não só giram, como estão intrincadas na educação: o desgosto, a insegurança, o cansaço, o desânimo e muitos outros adjetivos que rondam esse setor tão massacrado. Mas por outro lado, escolhemos a profissão e temos que honrá-la para garantir no mínimo respeito. É claro que precisamos lutar contra tudo que não deixa a educação emergir, mas até para se manifestar melhor é necessário saber se expressar melhor. Como esperar isso de quem não consegue escrever ao menos algumas linhas sobre um assunto qualquer?
A esses questionamentos, cabe ao leitor decidir. Concordo com Bagno, só não podemos generalizar, pois os profissionais das escolas públicas que formam a base do ensino são guerreiros de giz na mão. Os bons profissionais estão por aí submersos no sistema educacional do país, movidos apenas por amor e a ideologia de que com educação pode-se construir uma nação melhor.

2 comentários:

  1. Boa reflexão!
    Acho que o que mais falta nesse país é ação!
    Vejo muita teoria, muito acadêmico construindo teorias lindas sobre ensino, educação, língua, blá blá blá... Temos de construir teorias sim, mas também temos de agir! Com nosso voto correto, com nossa escolha consciente, com nossa postura profissional ética, com a busca pela formação contínua, com a recusa de qualquer coisa, com a auto-valorização e, principalmente, com postura crítica diante dos governantes e de nós mesmos.

    Cheirinho pra você!

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  2. Belo texto, Isis!

    Uma boa reflexão sobre os rumos que nossa sociedade está tomando.
    Um grande abraço !
    Jade.

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