sexta-feira, 25 de setembro de 2009

De quem é a culpa?

Depois de cinco meses de Gestar uma questão me preocupa muito: os cursistas não entenderam ainda a magnitude de um programa que é, na minha opinião, salvo algumas alterações que devem ser feitas, o melhor programa de aperfeiçoamento para professores desenvolvido pelo MEC.
Por que reclamam de tempo para a realização das atividades em sala com uma carga horária de 5 horas-aula semanais? Há algum tempo venho me perguntando isto e cheguei a uma conclusão: eles ainda não entenderam que Gestar é ensino de Língua Portuguesa, acreditam que aplicar o "Avançando na Prática" é fugir do conteúdo, ou, sendo pessimista, não é ensinar português.E daí surgem velhas e insistentes questões: Onde está o problema? No professor? No sistema educacional? No currículo? Ensinar para a vida ou para o vestibular?
Como fazer crer que precisamos formar cidadãos que saiam das escolas no mínimo sabendo se posicionar criticamente em relação ao mundo em que vivem, quando o professor de língua portuguesa acredita quase que religiosamente numa postura equivocada de ensino que predominou durante a maior parte do século passado?
A regra era, e ainda é em muitas escolas, memorizar definições: "Substantivo: palavra que nomeia seres, objetos, ações, estados ou qualidades. Sujeito: termo da oração a respeito do qual se enuncia algo." E assim por diante numa lista sem fim. E o que se garante com isso? Alunos com aversão ao português.
Comecei a achar que o erro estava em mim. Que eu não estava apta a ser formadora de "formadores de cidadãos". Mas agora me recuso. O erro não está em mim, nem tão pouco nos professores que se esforçam para acreditar que as minhas observações a respeito do ensino estão corretas quando ainda não passaram nem pela graduação, requisito mínimo (ou pelo menos deveria ser) para lecionar.
O sentimento que se aflora é IMPOTÊNCIA porque solucionar os problemas não depende só de mim. É preciso que os responsáveis pela educação não só cumpram metas de planos de desenvolvimento, é necessário mais envolvimento com a real situaçao dos professores deste país. Despreparados, amedrontados, mal remunerados, e o pior, desacreditados. Chega de blá-blá-blá dos políticos e teóricos, eu quero AÇÃO e INTERVENÇÃO para que os nossos professores se tornem referência e percebam que a língua é instrumento poderoso de inclusão, é linda, dinâmica, mutante, viva e uma ferramenta maravilhosa de aproximação entre eles e os alunos quando o que se faz é aumentar o abismo que se formou entre o que realmente é o ensino da língua materna com o que realmente é ensinado em nossas salas de aula.

Por: Izis Thame

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